Comecemos este artigo por uma definição de dicionário. Empreendedor é aquele que, “por iniciativa própria, realiza acções ou idealiza novos métodos com o objectivo de desenvolver e dinamizar serviços, produtos ou quaisquer actividades de organização e administração”.
Muito se fala de empreendedor, empreendedorismo, startups, ecossistemas, inovação… E poucas vezes paramos para pensar o que são estes conceitos realmente e aquilo que representam.
Lisboa está a efervescer, não apenas ao nível do turismo, mas também no panorama empresarial. Só em 2017, foram criadas mais de 6300 empresas na capital portuguesa, um acréscimo de 16% face ao ano anterior e o valor mais alto desde 2008. Se nos centrarmos nos sectores mais intensivos em conhecimento, em 2017 foram criadas mais de 2000 empresas neste tipo de sectores. Os dados são do INE e mostram que os destaques consecutivos a Lisboa dados pela imprensa internacional não são uma questão de moda, mas sobretudo resultado de uma estratégia. E não são os únicos a ter em conta.
A autarquia tem um plano pormenorizado para destacar a capital portuguesa como uma cidade competitiva, inovadora e criativa a nível europeu. O objectivo é atrair empresas para Lisboa, dar ferramentas a quem queira lançar novas ideias na cidade e também apoiar estudantes e investigadores – os de fora e de dentro.
Através de diversas entidades e iniciativas, todas interligadas, a Câmara espera desenvolver a economia da cidade, posicionando-a a uma escala internacional sem esquecer o mais importante, o impacto local. No final do dia, tudo se resume a mais emprego e emprego mais qualificado.
Lisboa de portas abertas para todos
Veio a Microsoft, a Mercedes-Benz, a Fujitsu, a Uber, a Zomato, a Pipedrive… entre tantas outras. Tecnológicas e companhias de outros sectores têm encontrado casa em Lisboa, estabelecendo-se ao lado da inovação que nasce na capital e que cria para o mundo – como é o caso da WeDo Technologies, da Novabase, da Tekever ou da Farfetch, a única startup portuguesa com uma valorização acima dos mil milhões de dólares.
Está, assim, a nascer um “Hub Atlântico” de inovação e talento, que tira partido da localização à “porta da Europa” e da ligação privilegiada aos países de língua portuguesa, um mercado de 250 milhões de pessoas. Lisboa, só por si, é uma cidade atractiva, com infra-estruturas modernas, uma força de trabalho competitiva, qualificada e flexível, e um sistema científico e universitário com mais de 100 instituições de ensino superior, mais de 130 mil estudantes, quase 30 mil licenciados por ano e mais de 15 mil investigadores.
As instituições de ensino superior são um pilar importante e outra das portas abertas à comunidade internacional. A iniciativa Study In Lisbon serve para isso mesmo: atrair e reter talentos, tornando Lisboa um centro global nas áreas do conhecimento e inovação; ajudando todos os estudantes internacionais na sua chegada e durante a sua permanência na cidade.
Mas há todo um trabalho por detrás. O posicionamento da capital portuguesa enquanto “Hub Atlântico” é a ambição da Invest Lisboa, uma agência que resulta de uma parceria entre a autarquia e a Câmara de Comércio e Industria Portuguesa (CCIP), firmada em 2009 e que, desde então, já apoiou mais de 2300 projectos de investimento, num investimento estimado em cerca de 200 milhões de euros. Além da simplificação burocrática, através da criação de um balcão único – Iniciativa Lisboa – onde as empresas podem tratar de toda a papelada para se estabelecerem na capital, a Câmara Municipal tem apostado também na divulgação da cidade através da televisão, do cinema e da publicidade, tendo criado em 2012 o Lisboa Film Comisson para centralizar todos os procedimentos necessários à utilização da cidade em produções audiovisuais.
Santos da casa, também fazem milagres
Do lado do empreendedorismo, existe desde 2012 a Startup Lisboa, a principal incubadora de novas empresas da cidade. Tendo, além de dois espaços de incubação, uma residência para empreendedores. Recebeu ao longo dos últimos cinco anos mais de 3 500 candidaturas, apoiou mais de 250 start-ups correspondentes a cerca de 1500 postos de trabalho.
Com a Startup Lisboa, o ecossistema de empreendedorismo tornou-se mais denso, e mais visível. Actualmente conta com 18 incubadoras e aceleradores, alojando mais de 475 startups que representam cerca de 3 000 postos de trabalho, 5 fablabs, cerca de 40 espaços de coworking e uma forte comunidade de Business Angels e Investidores de Capital de Risco. De acordo com o último relatório do Startup Genome (2017), o ecossistema constituído por startups de base tecnológica de Lisboa valia qualquer coisa como 1,3 mil milhões de dólares.
Um desses fablabs é o FabLab Lisboa, inaugurado em Julho de 2013, pretende ser um laboratório de fabricação digital destinado à prototipagem rápida, fabrico personalizado e experimentação industrial. Instalado num antigo matadouro situado no Mercado Municipal do Forno do Tijolo, o seu objectivo principal é criar condições aos makers para transformarem as suas ideias em produtos. O espaço conta com diverso equipamento industrial, como fresadoras de pequeno e grande porte, máquinas de corte a laser e de corte de vinil, impressora 3D, uma bancada de eletrónica, computadores e respetivas ferramentas de programação informática suportadas por software CAD e CAM. Só neste pólo foram apoiados cerca de 380 projectos e criados mais de 500 protótipos ao longo destes quatro anos.
Para as áreas mais artísticas, nasceu em Maio de 2015 o Centro de Inovação da Mouraria, com capacidade para alojar 50 projectos ou empresas criativas. Há ainda a iniciativa Lisbon Robotics, que conta com mais de 30 parceiros, entre empresas, centros de investigação e Universidades e cujo objetivo é federar os atores deste ecossistema, contribuir e acompanhar o seu desenvolvimento, promovendo a cultura da robótica na cidade.
O ecossistema empreendedor de Lisboa continuará a crescer através destes e de outros pontos da cidade e também através de programas públicos de apoio ao empreendedorismo e eventos. Como a Semana do Empreendedorismo de Lisboa, que se assume como uma celebração do espirito e dinâmica empreendedores de Lisboa. O Web Summit que se instalou em Lisboa em 2016 e que ficará na capital portuguesa até pelo menos 2018. Ou o futuro Hub Criativo do Beato, que ocupará 35 mil metros quadrados e duas dezenas de edifícios das antigas instalações da manutenção militar (onde, aliás, se instalará a Mercedes-Benz), contribuem para dinamizar a cidade.
Está tudo ligado
Todo o ecossistema empreendedor e as grandes tecnológicas estarão ligadas pelo Made Of Lisboa , uma marca e um directório online que pretende ligar todos inovadores baseados em Lisboa, start-ups, incubadoras, espaços de cowork, eventos…
O número de empresas criadas na capital em 2017 – 6300 empresas – é três vezes superior ao número de empresas dissolvidas, fazendo com que o saldo natural (diferença entre empresas a constituídas e dissolvidas) registado em 2017 tenha sido de 4.300 empresas. Refira-se ainda que cerca de 1/3 destas empresas constituídas em Lisboa em 2017 actuam em sectores intensivos em conhecimento ou de alta tecnologia. E não são só estes os dados a mostrar a evolução no tecido empresarial e social de Lisboa.
O distrito da capital portuguesa foi uma das grandes surpresas no último relatório sobre o desemprego a nível nacional tendo registado uma das maiores quedas neste indicador. De resto, um estudo conduzido pela consultora Michael Page e publicado pelo Dinheiro Vivo, prevê que esse aumento de emprego possa continuar no ano 2018 e ser acompanhado por uma pressão para a subida dos salários a nível municipal.
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Este artigo foi realizado no âmbito de uma parceria entre o Shifter e a Câmara Municipal de Lisboa / Made of Lisboa.