Foi em 2017 que Lisboa e Tel Aviv, em Israel, assinaram um memorando de entendimento com o objetivo de aproximar os ecossistemas de ambas as cidades e promover a partilha de conhecimentos e o intercâmbio de startups, empreendedores e investidores.
De forma a podermos conhecer melhor o que faz mexer Tel Aviv, viajámos até lá e descobrimos alguns dos segredos desta cidade que se assume como a Start Up City, e que é um dos motores do avanço tecnológico do seu país.
Antes de tudo, algum contexto: Tel Aviv tem um número de residentes semelhante a Lisboa – 440k – em cerca de metade da área lisboeta: 52 km2. A área metropolitana abrange 3.9 milhões de pessoas. 40% dos restaurante de Israel são em Tel Aviv, cidade que capitaliza também o maior número de turistas que visitam Israel, até porque alberga o único aeroporto internacional do país. Conta com mais de 3 milhões de dormidas por ano.
E tem 320 dias de sol por ano, em média – ainda mais do que Lisboa.
Falhar faz parte do processo
Tel Aviv é das cidades com mais startups per capita do mundo, um resultado da estratégia de desenvolvimento económico definida para a cidade, mas também do contexto israelita que fomenta o empreendedorismo como forma de educação. Aqui, as crianças e jovens são motivadas desde cedo a sonhar por em prática as suas ideias – e educadas para o vir a fazer. Esta pode ser uma das inspirações que trazemos da cidade: ir e fazer, tentar, falhar, tentar novamente. Aqui, falhar é palavra de ordem e faz parte do caminho para o sucesso, sem cargas negativas nem necessidade de esconder no CV. É um passo como outros, assumido, e através do qual se aprende e se fortalece.
Sustentabilidade e melhor ambiente
Tel Aviv pertence à rede C40, a mais importante rede de combate às alterações climáticas à escala das grandes cidades, à qual Lisboa aderiu recentemente.
Com impacto transversal às várias áreas de atuação do município, Tel Aviv tem já várias boas práticas a partilhar, sendo uma das principais as atividades do grupo Women4 Climate. No âmbito deste programa, teremos em breve novidades – mulheres, vão pensando desde já no Women4Climate Tech Challenge!
Um dos projetos que gostámos é o Green Label, um reconhecimento de boas práticas de sustentabilidade atribuído pelo município. Empresas – restaurantes, bares e cafés – têm que cumprir uma série de requerimentos e indicadores para que sejam considerados como Green Label, podendo a partir desse momento orgulhar-se do facto e divulgá-lo.
Os indicadores necessários incluem níveis de reciclagem, sustentabilidade e escolhas de matérias não poluentes, reutilização, etc).
Não é uma ótima ideia?
“From a reactive municipality to a intelligently active municipality”
O projeto Digitel nasceu de uma constatação simples: os níveis de aprovação da cidade pelos seus residentes era elevado (“adoramos Tel Aviv!”) mas os níveis de adesão aos serviços municipais eram muito baixos (“a câmara não presta bons serviços”). A solução proposta passou então por uma tentativa de mudança de paradigma, desenvolvendo um sistema que chegue e informa cada residente de acordo com a sua fase de vida e zona geográfica da residência, e assim utilizando os canais de informação de forma certeira, personalizando os contactos e elevando os níveis de engagement. Isto além de um cartão de descontos e de acesso a atividades específicas para cada uma das pessoas.
Será que resultaria em Lisboa?
O que têm em comum a Coca-cola e a Mercedes?
A resposta passa pela The Bridge. Este é um programa empresarial que age como ponte entre startups e comunidade empreendedora de TelAviv e as grandes companhias de comércio e retalho que aderiram e a financiam: Coca Cola, Turner, Walmart e Mercedes.
O que fazem? Programas de mentoring e imersão, desafios concretos a startups e resolução criativa e inovadora de questões relacionadas com as áreas comerciais e de retalho, ligando startups inovadoras a empresas gigantes e a mercados globais. O resultado são verdadeiros shots de inovação e soluções criativas para estas empresas gigantes – e a resolução de novos e velhos problemas por empresas jovens e muito focadas na inovação. Modelo interessante, sim?
StartUp Nation & Tel Aviv GLOBAL
Start Up Nation é um pouco a Start Up Portugal de Israel: o braço governativo no investimento em startups, promove a inovação israelita globalmente, ligando negócios, governos, organizações de todo o mundo a pessoas e tecnologias em Israel, resolvendo problemas com soluções inovadoras, ajudando a crescer e potenciar o ecossistema israelita de inovação.
Israel ocupa o 3º lugar no Global Innovation Ranking de mais de uma centena de países em termos de Research and Development e é um país de empreendedores/as: 1 start up para cada 400 pessoas. É também o país com mais companhias no índice Nasdaq, com exceção dos EUA e da China.
Foi daqui que sairam para o mundo invenções que usamos todos os dias, das pen drives onde guardamos ficheiros ao Waze que nos salva do trânsito. Esta dimensão altamente tecnológica de Israel é em parte explicada pelo esforço de formação especializada, mas também pelo complexo sistema militar. O serviço militar é obrigatório para todas as pessoas, mulheres e homens, expondo assim as e os jovens israelistas à indústria militar, um dos mais importantes polos de investigação e desenvolvimento tecnológico.
Brincando, contam-nos que quando se pergunta a uma criança israelita o que quer ser quando crescer, a resposta provável é “empreendedor/a”. Este ponto de partida é, na verdade, uma vantagem e mostra a pré-disposição para implementar ideias e montar negócios.
Queres saber mais sobre o ecossitema empreendedor de Tel Aviv? Espreita o mapa interativo do sitema, em https://finder.startupnationcentral.org
De acordo!
Já agora – sabias que as cidades de Lisboa e Tel Aviv têm em vigor um protocolo de colaboração na área da economia e inovação? Este acordo tem o objetivo de aproximar os ecossistemas de ambas as cidades e promover a partilha de conhecimentos e o intercâmbio de startups, empreendedores e investidores – e ambas as cidades estão portanto disponíveis para fomentar a troca de experiências nestas áreas. És Made of Lisboa e tens um projeto ou um plano que envolve Tel Aviv? Conta-nos tudo!