Para tal, identificaram-se os tópicos de análise chave, agregou-se a informação e consolidou-se um questionário a ser entregue às startups provenientes de 8 incubadoras da cidade de Lisboa. Este questionário, apresentado em Google Sheet, visa ser uma amostra piloto, para averiguar a sua aplicabilidade e utilidade para o Município.
Existem dois grandes objetivos para este estudo. O primeiro prende-se com a análise dos dados e exploração de conclusões sobre o ecossistema, nomeadamente o seu estado da arte atual e o potencial de evolução consoante diferentes caminhos alternativos a seguir. O segundo prende-se com o desenho e melhoramento para a implementação de uma ferramenta de monitorização constante, perpetuando-se no futuro, permitindo uma análise objetiva e quantitativa do progresso do ecossistema de inovação em Lisboa.
A amostra final é de 46 startups, e por isso o estudo não pode ser considerado uma representação do ecossistema no seu todo, contudo para o âmbito de piloto é suficiente para compreendermos algumas tendências e como implementar o LEME no futuro.
Da análise feita aos resultados, é de salientar que 91% das startups entrevistadas tem a sua sede em Portugal, sendo que as restantes 9% estão em Lisboa mas a sua sede é noutro país. Das startups que agora têm sede em Portugal, 10% eram originalmente sediadas noutro país. 11% são provenientes da academia.
É possível aferir que startups em programas de aceleração têm uma valorização de 2.5 vezes superior a uma startup que não tenha feito parte de um programa de aceleração.
As startups das áreas de Internet das Coisas (IoT) e de comércio e retalho online são as mais rentáveis. Quanto ao capital levantado, as startups da área de segurança e de software são as que mais se destacam.
Em média uma startup incubada em lisboa consegue em 2 anos captar mais de meio milhão e tipicamente já têm acima de meio milhão de vendas. Relativamente ao investimento conseguido, 77% provém de capital dilutivo, maioritariamente de Venture Capitalists – Capital de Risco. Destas, 25% candidatou-se também a fundos públicos não tendo sucesso. Olhando para todas as startups entrevistadas 80% já se candidataram a fundos comunitários, contudo apenas 8% destas conseguiu financiamento não dilutivo.
É importante destacar que as startups B2C tem 4.6 mais receita que as startups B2B, sendo que receberam investimento semelhante.
Relativamente às equipas, cerca de 26% dos colaboradores de startups são do género feminino. Das startups inquiridas 21,6% têm fundadoras ou líderes mulheres, sendo que em metade dos casos a nacionalidade não é Portuguesa. A maior parte dos CEOs têm entre 35-54 anos, enquanto os colaboradores estão maioritariamente entre os 26 e os 34 anos, destes 20% são estrangeiros.
Os inquiridos não consideram que estar em Lisboa os tenha facilitado a conseguir capital não dilutivo indicando que a vantagem de estarem localizados na capital é o facto de terem acesso a grande talento a um custo competitivo, qualidade de vida, proximidade com atores de relevo da indústria e eventos. A amostra de startups aconselha o município a promover e organizar mais eventos com possibilidade de aumento da rede de contactos, aumentar as linhas de financiamento e a criação de mais espaços de incubação. Relativamente às políticas públicas, os empreendedores reforçam a necessidade de linhas de financiamento, referindo também a necessidade benefícios fiscais para as startups e também para os investidores de startups.
Atendendo às limitações do piloto, e à análise dos resultados, há alguns indicadores que o Made Of Lisboa deve explorar a posteriori, com vista à confirmação de algumas premissas provenientes do estudo. Iniciamos com a sugestão de aprofundamento da possibilidade de parcerias entre Lisboa e outros municípios estrangeiros, promovendo intercâmbios no “registo Erasmus” entre incubadoras, com vista a aumentar a visibilidade de Lisboa, e a conquista do talento.
Devido ao seu desempenho, sugere-se também iniciativas que promovam a visibilidade para startups de Hardware e IoT e também de eCommerce. Parcerias com Universidades darão a sustentação científica que aporta rigor, promoverão também o apoio a doutorados e doutorandos para a transferência de conhecimento e tecnologia, reforçando startups tipicamente mais tecnológicas, e aumentando o número de spin offs universitários, ainda não muito significativo.
Necessidade de um maior apoio proveniente de entidades públicas na obtenção, canalização e gestão de Fundos Europeus. Deverão ser traçados mecanismos que sirvam o ecossistema e façam fluir os fundos de forma mais diligente e acessível.
Podem também ser pensadas políticas que permitam diminuir a precariedade contratual e salarial nas startups bem como políticas que promovam a equidade de género. No cômputo geral, as startups necessitam de acesso a investidores e plataformas que criem pontes com agentes facilitadores de investimento, além de maior planeamento e benefícios fiscais que incentivem ao risco e à inovação, e não menos importante, uma redução da carga burocrática. O município tem a oportunidade de dar ênfase ao talento Lisbonense, promovendo um estilo de vida gerador de valor para a comunidade, e estabelecendo um ecossistema de inovação permanente, atraindo talento e retendo recursos financeiros em projectos de elevado potencial de valorização.
Recomenda-se a implementação do LEME, ancorada numa plataforma online integrada no site do Made Of Lisboa. Esta plataforma tem em vista conectar empreendedores com investidores através de inteligência artificial. Este seria um mecanismo que não só facilitaria o networking, indo ao encontro do pedido pelos empreendedores, mas também permitirá ao Município de Lisboa obter informação crucial sobre o ecossistema, podendo avaliar o impacto das medidas tomadas, e estrategizar próximos passos de modo a atingir futuros objetivos. Acima de tudo, este permitirá estudar a evolução do ecossistema de forma quantitativa, e decidir o futuro de Lisboa, rumo à criação de um ‘oásis’ para startups no Mundo.
Apresentação completa: https://drive.google.com/file/d/1yVfTSseIVwdzTWpFBbbvoOXL8IpYMnuu/view