Em 2016, Lisboa vivia uma espécie de crise identitária. Lá fora, a imprensa chamava-lhe tudo e um par de botas: desde a “nova Berlim” à “nova Silicon Valley”. Mas Lisboa é Lisboa e o seu ecossistema empreendedor – em explosão de há uns anos para cá – merecia uma marca que o representasse e definisse. Assim, nasceu a Made Of Lisboa.
A Câmara Municipal de Lisboa criou a Made Of Lisboa, que ganhou corpo através de um directório online que pretende juntar todos os intervenientes do ecossistema – empreendedores, start-ups, incubadoras e coworks, eventos, etc. Um ano depois, a Made Of Lisboa regista mais de 600 utilizadores, 300 empresas registadas e 50 spots (aceleradores, coworks, Fab Labs, Incubadores e residências). E cerca de 300 eventos foram divulgados através da plataforma.
Estes números fazem transparecer o crescimento que a Made Of Lisboa ainda pode ter. Em 2017, foram criadas na capital mais de 6300 empresas, um número três vezes superior ao das empresas dissolvidas.
Mais que um simples diretório, a Made Of Lisboa quer ser uma plataforma completa, tanto para quem está dentro do ecossistema, como para quem quiser percebê-lo ou entrar nele. Lá é possível encontrar um glossário para compreender algumas das terminologias, de Accelerator a Zombie Startup; uma lista de recursos úteis para quem está a começar uma empresa; e uma espécie de blog, onde a comunidade pode escrever e partilhar artigos.
“A Made Of Lisboa nasceu precisamente da necessidade de mapear o status quo do ecossistema empreendedor lisboeta, num período cronológico muito específico: Lisboa estava prestes a receber três edições do Web Summit e precisava de se conhecer melhor para melhor se poder dar a conhecer”, comenta Catarina Campino, da Academia de Código. “Não é fixe dar uma festa sem antes garantir que todos os anfitriões saibam onde os convidados podem deixar o casaco, onde estão as bebidas ou se há papel higiénico de reserva na casa de banho…”
“Pensar quem somos é o primeiro passo para se poder pensar. E ter uma representação tangível do mapa de relações e tendências desenhado por uma determinada comunidade é provavelmente o primeiro passo para que esta se comece a ver e a comportar como tal”, acrescenta Catarina. O desenvolvimento da Made Of Lisboa foi feito com a ajuda da comunidade. Qualquer pessoa podia participar na construção e definição da marca através do endereço onde hoje está alojada a plataforma, respondendo aos múltiplos desafios lançados que foram sendo lançados.
Catarina Campino, um dos rostos mais conhecidos ecossistema, foi uma das pessoas convidadas a participar neste processo criativo. “Veio-me logo à memória uma experiência algo semelhante que foi desenvolvida em 2003 no contexto das Artes Plásticas portuguesas. Chamava-se anamnese.pt, e era uma plataforma que pretendia mapear – da forma mais exaustiva possível – os artistas portugueses mais actuantes entre os anos de 1999 e 2003, documentando quer as suas obras mais seminais dessa época, quer a reflexão teórico-crítica produzida ao redor das mesmas”, recorda. “A existência dessa plataforma permitiu-nos, na altura, ganhar consciência da extensão dessa comunidade, entender melhor as relações entre os seus membros e ter uma leitura transversal do ambiente de sentido que os mesmos estavam a criar, enquanto trabalhavam em paralelo.”
A Made of Lisboa ambiciona continuar a aumentar o número de utilizadores, empresas e spots que estão registados na sua plataforma, fazendo da capital portuguesa um dos mais vibrantes ecossistemas empreendedores. Para tal, vai continuar a promover iniciativas e eventos que permitam criar sinergias entre todos os actores do ecossistema, de forma a potenciar-lhes relevância a nível nacional e, se possível, internacional.
****
Este artigo foi realizado no âmbito de uma parceria entre o Shifter e a Câmara Municipal de Lisboa.