Por estranho que pareça, um saco de boxe num ginásio não serve apenas para descarregar as energias acumuladas de um dia mau. Dotados com sensores e um algoritmo de localização do impacto, os sacos de boxe podem ser inteligentes (!) e capazes de cativar o mais relapso e intermitente desportista para a prática consequente de atividade física.
A tecnologia aplicada ao desporto – professional, amador e consumido (do ponto de vista do espectador/jogador E-Sports) – é o hype do momento. Está em alta. Razão suficiente para pensar que o clássico lema latino aplicado ao olimpismo – Citius, Altius, Fortius – está rapidamente a dar lugar à prosaica expressão: chegou, viu e venceu, o conhecido Veni, Vidi, Vici.
Invariavelmente, nos clubes de fitness, no campo, nas ruas das nossas cidades, ou até em casa procura-se obter a melhor pontuação, o melhor tempo, a melhor performance. E, se as proezas alcançadas puderem ser partilhadas no digital, tanto melhor. Não é de admirar, portanto, que esta seja uma área de negócio em franca expansão. Que o diga Mauro Frota, founder e CEO da Bhout, a startup lisboeta que se propõe fabricar e comercializar estes sacos de boxe inteligentes, e que tem registado resultados notáveis na suas mais recentes rondas de financiamento.
Foi precisamente para ouvir os testemunhos de Mauro Frota, Pedro Félix da Costa, Afonso Rodrigues e Dulce Guarda, com a moderação da jornalista Carolina Couto, do Canal 11, que a Tour LUC de Janeiro foi dedicada ao vertical Sports Tech, iniciativa que decorreu no co-working, O Sítio, no Alto de São João.
Qual o impacto e que oportunidades pode trazer o Sports Tech à landscape empreendedora da capital portuguesa? Como será o futuro do Sports Tech? Como é que Lisboa está a lidar com o setor Sports Tech?
Eis um admirável mundo que disponibiliza um leque alargado de possibilidades. Dos gadgets, aos wearables, passando pela realidade aumentada e pelo metaverso, a tecnologia aplicada à prática desportiva ou aos consumidores e fans de desportos profissionais abre mesmo a porta a inúmeras experiências. Dulce Guarda explica que a sua empresa, a Splink, oferece aos adeptos de clubes de futebol a possibilidade de estreitarem a ligação que mantêm com estas organizações, proporcionando visitas virtuais a espaços habitualmente inacessíveis (balneários), fotos com jogadores, e um conjunto de experiências sensoriais e imersívas.
Além de melhorar o rendimento de um atleta, a tecnologia pode ajudar a tomar decisões mais precisas em diferentes contextos. O know how e as experiências vividas no mundo real (do desporto) podem muito bem ser úteis em várias situações. Todo esse conhecimento está reunido numa Plataforma e empresa de investimento, a Apex, que cada vez mais, conta com contributos de desportistas das mais diversas modalidades, explica Pedro Félix da Costa.
Não sendo um fim, por si só, a tecnologia no desporto é antes de tudo um meio para atingir um fim. «E fazer os consumidores felizes, sejam eles quem forem, tenham eles o perfil que tiverem, é o que nos faz apostar neste setor», diz Afonso Rodrigues do Urban Sports Club.
O Sports Tech veio para ficar, tem um papel relevante no quotidiano de todos e a divulgação junto da na comunidade sobre as dinâmicas criadas à volta deste setor pode e deve ser feita pelas autoridades locais – como a Câmara Municipal de Lisboa, por exemplo – “independentemente dos ciclos políticos”, sublinha Pedro Félix da Costa.
A tecnologia associada ao desporto pode contribuir para uma comunidade mais saudável. E “não é por acaso que os private equity funds estão a apostar nas Sports Tech”, destaca Mauro Frota.